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terça-feira, 7 de outubro de 2008

ATUALIZAÇÃO DA EPIDEMIA DE AIDS


Relatório do UNAIDS/OMS: Visão Global sobre a Epidemia de HIV/AidsEncontra-se a seguir a Visão Global extraída do relatório anual "Atualização da Epidemia de Aids 2001" publicado em 28 de novembro de 2001 pelo Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (UNAIDS) e a Organização Mundial da Saúde (OMS).
O relatório, publicado em conjunto com o Dia Mundial da Aids em 1º de dezembro, afirma que a Aids tornou-se a doença mais devastadora já enfrentada pela humanidade.
A Europa Oriental está experimentando a epidemia de AIDS que mais cresce no mundo, com 250.000 novos casos em 2001, e mais de 28 milhões de pessoas vivem atualmente com o vírus na África subsaariana.
O relatório completo, que determina a situação atual da epidemia nas diversas regiões do mundo, pode ser encontrado no seguinte Web site:




ATUALIZAÇÃO DA EPIDEMIA DE AIDSDezembro de 2001

Visão Global

Vinte anos após o relato da primeira evidência de síndrome da imunodeficiência adquirida, a Aids tornou-se a doença mais devastadora já enfrentada pela humanidade. Desde o início da epidemia, mais de 60 milhões de pessoas foram infectadas com o vírus. HIV/Aids é atualmente a principal causa de morte na África subsaariana. Mundialmente, é a quarta maior causa de morte.
Ao final de 2001, estimou-se que 40 milhões de pessoas estavam vivendo com HIV no mundo. Em muitas partes do mundo em desenvolvimento, a maioria das novas infecções ocorre em adultos jovens, com mulheres jovens sendo especialmente vulneráveis. Cerca de um terço dos que vivem atualmente com HIV/Aids têm idades de 15 a 24 anos. A maioria deles não sabe que possui o vírus. Muitos milhões de outros não sabem nada ou sabem muito pouco sobre HIV para proteger-se contra ele.

Europa Oriental e Ásia Central - Ainda a epidemia com crescimento mais rápido
A Europa Oriental (especialmente a Federação Russa) continua a experimentar a epidemia que cresce mais rapidamente no mundo, com o número de novas infecções por HIV em rápido crescimento. Em 2001, estimava-se que havia 250.000 novas infecções nessa região, elevando para um milhão o número de pessoas vivendo com HIV. Dados os altos níveis de outras infecções sexualmente transmissíveis e as altas taxas de uso de drogas injetáveis entre os jovens, a epidemia parece propensa a crescer consideravelmente.

Ásia e o Pacífico - Estreitando as janelas de oportunidade
Na Ásia e no Pacífico, estima-se que 7,1 milhões de pessoas estejam atualmente vivendo com HIV/Aids. A epidemia causou a morte de 435.000 pessoas na região em 2001. As taxas nacionais aparentemente baixas de incidência em muitos países nessa região são perigosamente enganadoras. Elas ocultam epidemias localizadas em regiões diferentes, que incluem alguns dos países mais populosos do mundo. Existe séria ameaça de epidemias maiores e generalizadas. Mas, como demonstraram Camboja e Tailândia, programas de prevenção rápidos e em larga escala podem manter a epidemia sob controle. No Camboja, esforços concentrados dirigidos por forte liderança política e comprometimento público reduziram a incidência de HIV entre mulheres grávidas para 2,3% no final de 2000; redução de quase um terço com relação a 1997.

África subsaariana - A crise cresce
A Aids matou 2,3 milhões de africanos em 2001. As estimadas 3,4 milhões de novas infecções por HIV na África subsaariana no último ano significam que 28,1 milhões de africanos vivem atualmente com o vírus. Sem tratamento e assistência adequados, a maioria deles não sobreviverá na próxima década. Dados clínicos pré-natais recentes demonstram que várias partes da África meridional uniram-se ao Botswana com taxas de incidência entre mulheres grávidas de mais de 30%. Na África ocidental, pelo menos cinco países estão experimentando epidemias sérias, com incidência de HIV em adultos de mais de 5%. Entretanto, a incidência de HIV entre adultos continua a cair em Uganda, enquanto há evidências de que entre jovens (especialmente mulheres) está caindo em algumas partes do continente.

Oriente Médio e Norte da África - Difusão lenta mas contínua
No Oriente Médio e norte da África, o número de pessoas que vivem com HIV totaliza atualmente 440.000. O avanço da epidemia é mais notável em países (tais como Djibouti, Somália e Sudão) que já estão experimentando emergências complexas. Embora a incidência de HIV continue a ser baixa na maior parte dos países da região, números crescentes de infecções por HIV estão sendo detectados em vários países, que incluem a República Islâmica do Irã, a Líbia e o Paquistão.

Países de Alta Renda - A Ameaça da epidemia ressurgente
Uma epidemia maior também ameaça desenvolver-se nos países de alta renda, onde mais de 75.000 pessoas adquiriram HIV em 2001, trazendo para 1,5 milhão o número total de pessoas que vivem com HIV/Aids. Os avanços recentes do tratamento e assistência nesses países não estão sendo acompanhados de forma consistente com progresso suficiente no campo da prevenção. Novas evidências de taxas crescentes de infecção por HIV na América do Norte, partes da Europa e Austrália estão surgindo. Sexo inseguro, refletido no surgimento de infecções transmitidas sexualmente e uso indiscriminado de drogas injetáveis, está impulsionando essa epidemia que, ao mesmo tempo está se voltando cada vez mais para comunidades mal atendidas.

América Latina e Caribe - Epidemias diversas
Estima-se que 1,8 milhão de adultos e crianças estejam vivendo com HIV na América Latina e no Caribe; região que está experimentando epidemias diversas. Com incidência média de HIV em adultos de cerca de 2%, o Caribe é a segunda região mais afetada do mundo. Mas taxas relativamente mais baixas de incidência nacional de HIV na maioria dos países sul e centro-americanos mascaram o fato de que a epidemia já está firmemente abrigada entre grupos populacionais específicos. Estes países podem evitar epidemias mais extensas se estabelecerem agora suas reações.
Compromisso mais forte
Necessitam ser colocados em ação esforços mais eficazes de prevenção, tratamento e assistência. Durante o ano 2001, a resolução de fazê-lo tornou-se mais forte do que nunca.
Fez-se história quando a Sessão Especial da Assembléia Geral das Nações Unidas sobre HIV/Aids em junho de 2001 estabeleceu estrutura de responsabilidade nacional e internacional na luta contra a epidemia. Cada governo prometeu buscar uma série de vários objetivos históricos relativos à prevenção, assistência, apoio, tratamento, redução do impacto e crianças que se tornaram órfãs e vulneráveis pelo HIV/Aids, como parte de uma reação abrangente contra a Aids. Estes objetivos incluem os seguintes:
Reduzir a infecção por HIV entre jovens de 15 a 24 anos de idade em 25% nos países mais afetados até 2005 e, globalmente, até 2010;
Reduzir até 2005 a proporção de bebês infectados com HIV em 20% e em 50% até 2010;
Desenvolver até 2003 estratégias nacionais para fortalecer sistemas de assistência médica e abordar fatores que afetem o fornecimento de drogas relacionadas com o HIV, incluindo o preço e acessibilidade. Além disso, concentrar urgentemente todos os esforços para proporcionar o padrão mais alto atingível de tratamento para HIV/Aids, incluindo a terapia anti-retroviral de maneira cuidadosa e monitorada para reduzir o risco de desenvolvimento de resistência;
Desenvolver até 2003 e implementar até 2005 estratégias nacionais para fornecer ambiente de apoio para órfãos e crianças infectadas e afetadas por HIV/Aids;
Ter em funcionamento até 2003 estratégias que comecem a abordar os fatores que tornam os indivíduos particularmente vulneráveis à infecção por HIV, incluindo o subdesenvolvimento, insegurança econômica, pobreza, falta de poder das mulheres, falhas de educação, exclusão social, analfabetismo, discriminação, falta de informações e/ou produtos para auto-proteção e todos os tipos de exploração sexual de mulheres, meninas e meninos;
Desenvolver até 2003 estratégias multi-setoriais para abordar o impacto da epidemia de HIV/Aids em nível individual, familiar, comunitário e nacional.
Outros participantes, incluindo organizações não governamentais e companhias privadas em todo o mundo, estão cada vez mais declarando sua determinação de ampliar estes esforços.
Novos recursos estão sendo organizados para aumentar os gastos até os níveis necessários, que a UNAIDS estima em US$ 7 a US$ 10 bilhões por ano em países de renda média e baixa. O fundo global convocado pelo secretário geral das Nações Unidas Kofi Annan atraiu cerca de US$ 1,5 bilhões em promessas. Além disso, o Banco Mundial planeja novos e importantes empréstimos em 2002 e 2003 para HIV/Aids, com equivalência de doações de mais de US$ 400 milhões por ano. Enquanto isso, mais países estão ampliando suas alocações orçamentárias nacionais para reações à AIDS. Diversos países menos desenvolvidos receberam, ou estão por receber, perdão de dívidas que poderão ajudá-los a aumentar seus gastos com HIV/Aids.
Mais companhias particulares também estão fortalecendo seus esforços. Orientando algumas das suas intervenções, encontra-se um novo código internacional de conduta sobre Aids e o local de trabalho, que foi ratificado no início do ano por membros da Organização Internacional do Trabalho (a nova e oitava organização cofinanciadora da UNAIDS).
O desafio agora é construir sobre o compromisso recém-estabelecido e convertê-lo em ações sustentadas; tanto nos países e regiões já duramente atingidos como naqueles em que a epidemia chegou mais tarde mas está ganhando força.
Além da complacência
A diversidade da difusão do HIV em todo o mundo é surpreendente. Mas, em muitas regiões do mundo, a epidemia de HIV/Aids ainda se encontra em seus estágios iniciais. Embora 16 países africanos subsaarianos tenham relatado incidência geral do HIV em adultos de mais de 10% ao final de 1999, permaneceram 119 países do mundo onde a incidência de HIV em adultos foi de menos de 1%.
Baixas taxas nacionais de incidência podem, entretanto, ser muito ilusórias. Elas muitas vezes ocultam epidemias sérias que se concentram inicialmente em certas localidades ou entre grupos populacionais específicos e que ameaçam espalhar-se para a população mais ampla.
A incidência em Myanmar, por exemplo, foi estabelecida em 2%. Ainda assim, taxas nacionais de HIV de até 60% estão sendo registradas entre usuários de drogas injetáveis e quase 40% entre trabalhadores do sexo. Além disso, em países vastos e populosos como a China, Índia e Indonésia (onde as províncias ou estados individuais muitas vezes possuem mais habitantes que a maioria dos países), a incidência em escala nacional perde o sentido. Os Estados indianos de Maharashtra, Andhra Pradesh e Tamil Nadu (cada um com pelo menos 55 milhões de habitantes) registraram taxas de incidência de mais de 2% entre mulheres grávidas em um ou dois locais de guarda e mais de 10% entre pacientes com infecção transmitida sexualmente; taxas muito mais altas que a média nacional de menos de 1%. Na ausência de vigorosos esforços de prevenção, existe escopo considerável para difusão adicional do HIV. Mesmo taxas baixas de incidência de 1 ou 2% na Ásia e Oceania (onde habita cerca de 60% da população mundial) fariam com que o número de pessoas vivendo com HIV/Aids decolasse.
Todos os países foram, em algum ponto da história das suas epidemias, países de baixa incidência. A incidência de HIV entre mulheres grávidas que compareciam a clínicas pré-natal na África do Sul era de menos de 1% em 1990 (quase uma década após o primeiro diagnóstico de HIV naquele país em 1982). Ainda assim, uma década mais tarde, o país estava experimentando uma das epidemias em crescimento mais rápido do mundo, com incidência entre mulheres grávidas de 24,5% ao final de 2000.
Ambientes de baixa incidência apresentam desafios especiais. Ao mesmo tempo, eles oferecem oportunidades para evitar grandes números de infecções futuras. Atualmente, estamos observando epidemias rapidamente emergentes em países que haviam anteriormente registrado taxas relativamente baixas de infecção por HIV; prova de que a epidemia pode emergir rápida e inesperadamente e que nenhuma sociedade está imune. Na Indonésia, onde as taxas registradas de infecção foram desprezíveis até muito recentemente (mesmo entre alguns grupos de alto risco), existem novas evidências de aumentos surpreendentes de infecção de HIV. A incidência elevou-se significativamente entre trabalhadoras do sexo em três cidades, em lados opostos do arquipélago indonésio, com aumentos similares também evidentes em outros locais. Entre as mulheres que trabalhavam em salas de massagem na capital de Jacarta, a incidência de HIV foi medida em 18% em 2000. Os dados de doadores de sangue exibem atualmente aumento de dez vezes na incidência desde 1998. Em outros lugares, epidemias mais longas poderão estar à beira de difusão mais ampla e rápida. Nepal e Vietnã, por exemplo, registraram notáveis aumentos das infecções por HIV nos últimos anos, enquanto na China (lar de um quinto da população mundial) o vírus parece estar se movendo para novos grupos da população.
Também em outras regiões do mundo, o tempo está correndo rapidamente para evitar-se epidemias muito maiores de Aids. Na Federação Russa, por exemplo, apenas 523 infecções por HIV foram diagnosticadas até 1991. Uma década mais tarde, esse número subiu para mais de 129.000. Em um país onde o uso de drogas injetáveis entre os jovens é predominante (e existem altos níveis de infecções sexualmente transmissíveis na população mais ampla), existe necessidade urgente de ação para evitar um número ainda maior de novas infecções.
Prevenção rápida e concentrada
Os países que ainda possuem baixos níveis de infecção de HIV deverão evitar a difusão potencial de epidemia e não confortar-se sobre as taxas de infecção atuais. A chave para o sucesso em ambientes de baixa incidência onde o HIV ainda não representa risco para a população mais ampla é permitir que os grupos mais vulneráveis adotem comportamento sexual e de drogas injetáveis mais seguro e interrompam a difusão do vírus entre esses grupos, ganhando tempo para reforçar a capacidade de proteção contra o vírus da população mais ampla.
Isso significa, em primeiro lugar, determinar quais grupos populacionais têm risco mais alto de infecção e, em segundo lugar, demonstrar a vontade política de salvaguardá-los contra a epidemia. Ao mesmo tempo, é vital neutralizar o estigma e a culpa tão freqüentemente atribuída a grupos vulneráveis e aprofundar o conhecimento público e compreensão mais amplos da epidemia.
Os jovens são prioridade neste combate. Após vinte anos de epidemia, milhões de jovens sabem pouco, quando sabem, sobre o HIV/Aids. De acordo com o UNICEF, mais de 50% de jovens (com idade de 15 a 24 anos) em mais de uma dúzia de países, incluindo a Bolívia, Botsuana, Costa do Marfim, República Dominicana, Ucrânia, Uzbequistão e Vietnã nunca ouviram falar da Aids ou possuem conceitos errôneos sérios sobre as formas de transmissão. Fornecer aos jovens informações corretas e conhecimentos da vida é um requisito prévio para o sucesso de qualquer reação contra a Aids.



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