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terça-feira, 26 de maio de 2009

Obama deverá pressionar China e Rússia por sanções mais severas contra Coreia do Norte

http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2009/05/090525_coreia_eua_rc.shtml

Obama deverá pressionar China e Rússia por sanções mais severas contra Coreia do Norte

Ocorrem manifestações contrárias ao teste na Coreia do Sul

A reação do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, ao teste nuclear realizado pela Coreia do Norte deverá ser a de tentar cooptar a China e a Rússia para adotar sanções mais duras contra os norte-coreanos. É essa a opinião de analistas ouvidos pela BBC Brasil.

A Coreia do Norte realizou nesta segunda-feira o seu segundo teste nuclear, na região nordeste do país, a mesma área que abrigou o primeiro teste, realizado em 2006. O teste nuclear foi descrito por Barack Obama como ''uma ameaça à paz e à segurança internacional''.

Para Joel Wit, pesquisador sênior do Weatherhead East Asian Institute, da Columbia University, de Nova York, a resposta do governo Obama ''é bastante óbvia, a administração (americana) vai buscar novas sanções e trabalhar com o apoio da Rússia e da China para obter apoio a estas sanções''.

''O jogo agora é tentar fazer com que os russos e os chineses adotem políticas mais próximas das nossas em relação à Coreia do Norte. Porque, no passado, enquanto os Estados Unidos, Japão e Coreia do Sul pediam soluções mais agressivas, os russos e os chineses falavam grosso, mas depois não faziam nada'', disse William Taylor, conselheiro-sênior do Center for Strategic and International Studies, de Washington.

Concessões

Entre as sanções que o analista acredita que poderão vir a ser implementadas estão pressões internacionais variadas sobre atividades bancárias da Coreia do Norte, vetos mais severos a programas de proliferação nuclear e até mesmo tentar obter o apoio de outras nações do Conselho de Segurança da ONU para que a entidade elimine programas assistenciais voltados para os norte-coreanos.

Taylor acredita que um dos objetivos da Coreia do Norte com o teste foi medir a reação do governo Obama e avaliar o que poderia vir a obter do atual líder dos Estados Unidos em uma eventual negociação com os americanos.

No passado, a fim de obter concessões por parte da Coreia do Norte, o governo do presidente Bill Clinton chegou a oferecer ajuda humanitária e conceder petróleo ao país.

''Eles estão tentando sentir o pulso do governo Obama e talvez conseguir retomar algumas das concessões dos anos Clinton'', afirma Taylor.

Segurança nacional

Mas para seu colega Joel Wit, a tese de que a Coreia do Norte está tentando apenas chamar atenção e medir a capacidade de resposta de Obama é uma ''noção boba'', que ele rejeita.

''Eles buscam a contínua sobrevivência e a independência de seu país. O que eles estão fazendo não possui qualquer relação com a administração Obama ou a administração Bush ou qualquer outro governo americano. A Coreia do Norte está neste caminho há quatro anos e o caminho é o de construir um arsenal nuclear baseado pelo que julga ser seus interesses de segurança nacional'', afirma Wit.

O analista acredita que muitas das análises por trás das motivações dos norte-coreanos são movidas por preconceitos em relação às supostas necessidades estratégicas do governo do país.

''Como qualquer país, a Coreia do Norte possui preocupações com sua segurança nacional. Mas as pessoas agem como se ela fosse um reino de desenho animado, governado por um maluco com um cabelo engraçado'', afirma Wit, em relação ao peculiar corte de cabelo do recluso líder norte-coreano, Kim Jong Il.

Na visão do analista, uma ruptura similar à tomada pelo governo do presidente George W. Bush após o primeiro teste nuclear norte-coreano, em 2006, não é uma boa opção atualmente para os Estados Unidos. Ele acredita que a saída deve ser negociada.

''Talvez não devêssemos falar com Coreia do Norte ou com o Irã. Mas nós iremos conseguir sair da atual situação sem discutir, apenas adotando sanções? Estas sanções terão algum efeito sobre estes países? A resposta é não. Os oito anos do governo Bush são um bom exemplo do que acontece quando você procura não lidar com chamados Estados irresponsáveis e tenta encontrar maneiras de lidar com os desafios que eles representam'', afirma Wit.

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