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quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Cavaco associa-se a Sócrates para defender cooperação estratégica

No confronto entre os dois candidatos favoritos às eleições Presidenciais, em vários momentos Cavaco Silva aproximou-se do Governo socialista para justificar as suas posições e assim defender a cooperação estratégica que privilegiou no primeiro mandato. O ainda Presidente fez a primeira aproximação às posições do Executivo de José Sócrates no debate desta noite na RTP para atacar as críticas aos mercados financeiros por parte do rival Manuel Alegre. “Recuso-me a insultar os nossos credores: companhias de seguro, fundos de pensões, fundos soberanos, os aforradores internacionais. Estou ao lado do Governo, do Banco de Portugal e de Durão Barroso nesta matéria”.

Cavaco lembrou que em 2011 Portugal terá de recorrer junto dos credores a muitos biliões de euros, questionando “o que pensariam aqueles que nos emprestam se, por acaso, a voz do Presidente chegasse lá fora a insultá-los”.

“Ou não nos emprestavam ou subiam as taxas de juro, o que colocava os portugueses e as empresas ainda em maiores dificuldades. Não quero contribuir para ainda mais desemprego entre os portugueses com um comportamento que não é razoável. Não tratemos mal aqueles que nos cedem poupanças”, continuou, em resposta à argumentação de Alegre de que Portugal “estava a ser alvo de um grande ataque especulativo”.

Ainda sobre o mesmo tema, Cavaco Silva referiu ainda que “a política externa começa por ser concertada no plano interno”. “Reúno com o primeiro-ministro e concertamos as nossas posições para não defendermos coisas diferentes”, acrescentou.

Por outro lado, quando questionado sobre a possibilidade de Portugal recorrer a ajuda externa no próximo ano, o candidato apoiado pelo PSD, CDS e MEP disse que recebeu do Executivo a garantia de que não será preciso ajuda do FMI. “O governo está a tomar medidas, prova disso é que aprovou um orçamento com redução do défice, está a tentar colocar as finanças públicas sustentáveis”.

Sobre a hipótese de entrada do Fundo Monetário Internacional no País, Manuel Alegre sublinhou que, caso venha a acontecer, “todos somos responsáveis e Cavaco Silva não fica imune e terá a sua quota de responsabilidade”. “Fala como se não tivesse responsabilidades”, assinalou o histórico socialista que reúne nesta corrida presidencial também o apoio do Bloco de Esquerda.

Finalmente, num quarto momento do debate em que se associou deliberadamente ao Governo a que deu posse há pouco mais de um ano (e suportado pelo Partido Socialista que apoia Manuel Alegre), Cavaco Silva apontou como exemplo do sucesso da cooperação estratégica a recente eleição de Portugal para o Conselho de Segurança das Nações Unidas.

Cavaco prefere que seja o Parlamento a derrubar Sócrates

No último debate para as Presidenciais, a possibilidade de dissolução da Assembleia da República esteve também em discussão. E Cavaco deu a entender que o mais provável é que sejam as restantes forças políticas a assumir o ónus de derrube do Governo.

“Só a Assembleia da República pode retirar a confiança ao Governo. A questão é se a oposição tem ou não confiança da Assembleia. Ainda há pouco tempo o PSD disse que o governo tem todas as condições para governar. Quando consultei os partidos políticos [após as legislativas] todos me disseram que devia nomear o Engenheiro Sócrates e ele formar o governo”, esclareceu, lembrando que “tem de haver condições extraordinárias” para ser Belém a patrocinar uma mudança no Palácio de São Bento.

Cavaco acrescentou que “não se deve especular em relação a matéria tão delicada”, frisando que atribui “grande importância à Assembleia da República porque, segundo a Constituição, é a ela que o Governo responde politicamente e não ao Presidente”.

Sobre este tema da dissolução parlamentar, Manuel Alegre lembrou que “não seria a primeira vez que um Presidente o faria”, notando de seguida que “este governo tem legitimidade democrática para governar”. “Não sabemos o que acontecerá amanhã. Pode resultar de uma moção de censura ou outras circunstâncias”, concluiu


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